Xangô trovejou em meu coração

Nesse filme sem repasses

O intuitivo é um vulcão

A dúvida interina 

Queima-se com a injúria 

Lavas banham o tormento

Forma-se a pedra de sua lei

Os desejos volvem alados

Logo os medos a reboque

A simplicidade esta para o viver

Assim como o justo para o mundo

De caminhos de parábolas espúrias 

A penumbra dos indecisos

Em punho as duas faces

Linhas tortas ou a razão

Inconstâncias de cada sina

É a luz de cada penúria 

Ilá contra o lamento

Voz do divino Rei

A busca do inesperado

Tem a certeza em estoque

Não precisa ver para crer

Sabedoria do profundo 

Geologia da alma expurga 

A Justiça que germina o crivo 

Seu reinado é o enlace 

Pulsa meu coração 

Discernimento afina 

Prerrogativas da estrutura 

anseio a contento 

Xangô é a força que me valei 

Que poder tem seu Machado

que me aponta um norte

No brado kaô kabecilê!!!

Meu nada vira tudo

Meu dorso se curva

Por me mostrar que existo.

SÉRGIO CUMINO – POETA DE AYRÁ

Xangô

Kaô kabiesilé meu pai,kaô kabiesilé meu rei.Eu me ajoelho perante si, meu senhor.Vós que sois justo e a justiça amai,vós que sois sábio e sua voz é lei.Eu peço perdão que sou pecador,por mim e por todo meu irmão olhai.Seu trono é belo e imponente,e com seu leão a seu lado,papá Xangô segura o machado,que corta para o lado daquele que mente.Sua balança nos espera, é um fado,e um dia pesará o certo e errado.O meu, dos irmãos, e de toda a gente.Haja justiça em nossa missão,haja equilibrio no nosso caminho.Que todo o homem seja mais justo,que saibamos dar a todos perdão,e que haja alegria, amor e carinho.Cheguemos ao fim com muito custo,louvando Xangô pela nossa lição.

PAULO LOURENÇO

Kaô Kabiessilé

Das pedreira me admira a magnitude
Das cachoeiras me inspiram tuas plenitudes
Meu pai Xangô com tuas forças me ajude
Rei da justiça a retidão é tua virtude.

Fogo imortal; da vida defensor real
De grandes amores dominador sem igual
Em todas as nações, justo, sério e moral
O senhor se senta em cadeiras sem igual.

Quem é esse incomparável senhor
Será. Dada, Airá, ou Agodô?
Será Sobô, Loco ou Izaze?
É o rei é Xangô que com amor justiça fazes.

É o clarão que chama a atenção
É o trovão que faz gemer o coração
É o amor que adverte com precisão
É a energia que fomenta do universo a retidão

É o senhor que julga com vigor
É imortal em justiça em fervor
É vivo é real, é ancestral, é senhor, é Xangô
É da justiça à premissa o doutor

Sua benção meu senhor
Tua presença é sentença de amor
Com teu vigor arrebenta corações
Com muito amor, fomenta sempre grandes paixões.

 Roberto Carlos Néri do Carmo

Minha mãe Oxum

Minha mãe muito doce e amável.
Minha Oxum mãe minha incomparável.
Ora iê iê ya Oxum vem me valer.
A nossa dor está sempre a combater.

Meu beija flor doce natureza meu amor.
Tua atenção sempre implorando eu estou.
Que filho eu seria sem a ternura do teu amparo.
O teu amor com nada jamais eu comparo.

Doce Oxum de iemanjá filha tão bela.
És branca dália como a estrela Dalva me alivia
a procela.
Guarda-me Oxum em teu seio de puro amor.
Em tempo nenhum deixaras de ser minha flor.

Menina que brinca mulher que encanta.
Joia brilhante doçura incessante.
Para minha dor espantar ela canta.
Como um Rio profundo um amor tão fecundo.
Oxum é minha mãe santa.

Ó Rio brilhante ó água cristal.
Em teu seio habita quem me livra do mau.
Cheia de ternura e amor magistral;
Dá-me tua doçura Oxum doce formosura minha
Proteção maternal.

 Roberto Carlos Néri do Carmo

Hino a Oxum

Jóia sagrada minha oxum bela e amada

Linda princesa de belezas coroadas

Por tuas águas minha vida seja lavada

Lava-me oh mãe em tuas águas purificadas

A tua bênção nunca ha de me faltar

A ti pertença minha fé se eu tropeçar

Oh mãe oxum como é doce teu cantar

Viva Olorum salve oxum minha bela yabá

Refrão

Palma de amor oh bela flor mamãe oxum

Primor de amor traz o amor de Olorum

Canto profundo de amor belo e fecundo

Tua doçura se desagua em todo mundo

Odo-ya epa babá omi yaba

Com teu amor vem linda flor nos perfumar

Oh Deus vos salve senhora da águas doces

Oh mãe oxum foi Olorum que ao mundo trouxe

Nas correntezas de amor banhas teus filhos

Oh linda flor que Deus plantou cheias de brilhos

Com teu fulgor e teu amor olha teus filhos

Oh mãe oxum pra ti amar eu não vacilo

ES a criança pequenina a brincar

ES a menina de oxalá e Iemanjá

Pelas crianças virmos a ti oh mãe rogar

Temos esperanças a bonança chegara

Refrão

Palma de amor oh bela flor mamãe oxum

Primor de amor traz o amor de Olorum

Canto profundo de amor belo e fecundo

Tua doçura se desagua em todo mundo

 Roberto Carlos Néri do Carmo

Ogum

Meu Mucumbe Roxo tateto.

Músculos de aço peito de rochedo

Ogum é guerreiro que não conhece o0 medo

Desbrava o mundo e fala sem segredo

General da batalha que não foge a luta

Quando a noite orvalha ele está em escuta

Senhor da defesa exímio guerreiro

Mestre em destreza elegante cavaleiro

Filho de Iemanjá e senhor do aço

Inimigo teima ele corta em pedaço

Faz o que eu mando não faz o que eu faço

Fala Ogum para o filho devasso

Tateto obá o senhor das demandas

Na batalha é major manda e comanda

Sem a força de Ogum ta no chão nossa Aruanda

Com ogum ninguém pode sua ordem não debanda

Vamos da viva Patacuri Ogunhê

Vem tomar a benção ajoelha vem ver

Ogum sambangola que cultiva o dendê

Meu Roxo Mucumbe Tateto de Ilê

Fala meu Roxo pai de todos Ogunhê

Ele é tatá é pai que me alembrei

Nas águas e na terra não cai sua lei

Por Oxalá e por iemanjá Ogum a quem dê rei.

 Roberto Carlos Néri do Carmo

Cristo Luz do Mundo

NEM ÁGUA, NEM CHUVA

NEM LAMA, NEM TERRA

NEM SECA, NEM DRAMA

NO CUME DAQUELE MADEIRO,

NO ALTO DAQUELA COLINA,

NEM CHORO, NEM GRITO

NEM VELA, NEM BICHO

NEM GENTE, VAZIO

NEM QUENTE, NEM FRIO,

NA PAZ DAQUELES DOIS OLHOS,

A LUZ MAIS PROFUNDA DOS MUNDOS,

NA CALMA DO AZUL INFINITO,

NO ALTO DAQUELA COLINA

NEM TODAS AS DORES DO MUNDO

NO BRILHO DAQUELES DOIS OLHOS

A DOÇURA PODE APAGAR,

MAS CHOROU TERRA,

CHOROU GENTE, HOMEM,

VELHO E MENINO

CUSPIU FOGO,

CÉUS, RAIOS,

TROVÕES E TEMPESTADE,

- PERDOA PAI, ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM!

CHOROU CALADO, MÃE E PAI

SILÊNCIO, NUM CHORO PROFUNDO!

POIS NO ALTO DAQUELA COLINA

NO CUME DAQUELE MADEIRO,

JAZIA O CRISTO,

A LUZ DO MUNDO!

Isabela Brasileiro